Série Cerveja e Saúde – Verdades e Mitos
Por Dr. Pedro Veronese, médico, beer sommelier e mestre em estilos cervejeiros
O assunto agora é bastante sério e preocupa muita gente. Como iremos envelhecer? Temos como nos prevenir do Mal de Alzheimer? Para quem tem ou já teve um familiar com essa doença fica muito claro o potencial devastador que ela pode causar no núcleo familiar.
A medicina atual ainda não tem a total compreensão sobre o Alzheimer, que pode levar a um quadro de demência bastante grave. Apesar disso, muitos estudos vêm sendo feitos para se tentar elucidar os mecanismos dessa doença e mais, como podemos preveni-la.
O dia 21 de setembro foi o dia mundial da doença de Alzheimer e, portanto, é sobre esse tema que vou escrever dessa vez caros leitores. Então, fiquem atentos!
Ingestão leve a moderada de álcool pode reduzir riscos de demência?
Sim! Desde a década de 90, dezenas de estudos epidemiológicos avaliaram a função cerebral de indivíduos que não bebiam e indivíduos que faziam ingesta moderada de álcool (cerveja, vinho e liquor). O mais interessante foi que o grupo de pessoas que fizeram ingesta leve a moderada de álcool tiveram uma redução no risco de demência e perdas cognitivas.
Funções cognitivas são aquelas executadas pelo cérebro como: memória, capacidade de efetuar cálculos, capacidade de executar tarefas do dia-a-dia, entre outras.
Cientistas da Universidade de Loyola em Chicago, após revisão desses estudos, afirmaram que o consumo moderado de álcool pode ter um papel protetor do cérebro. Essa proteção estaria relacionada aos benefícios hematológicos e cardiovasculares do álcool, além dos seus efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes.
Veja a figura abaixo:
O gráfico acima demonstra que os indivíduos que fizeram ingesta leve a moderada de álcool apresentaram redução significativa de quadros demenciais em comparação aos indivíduos que não ingeriam bebidas alcoólicas. O maior benefício ocorreu quando o consumo semanal ficou entre 1 a 6 drinks.
Pedro, quer dizer então que se eu quiser me proteger do Alzheimer é só começar a beber e pronto?
Na verdade não é bem assim. Estudos epidemiológicos, como os citados acima, não nos permitem fazer afirmações categóricas, definitivas sobre algo. Eles servem para gerar hipóteses para novos estudos.
É assim que a pesquisa clínica séria avança. Portanto, eu concluiria dizendo que cada vez mais há evidências científicas mostrando que o consumo moderado de álcool pode trazer um efeito protetor para o coração e também para o cérebro.
Por isso eu sugiro: beba menos, beba melhor, beba com inteligência, respeite o seu corpo e seja feliz.
Referência:
1. Alcohol Clin Exp Res. Vol 33, No 2, 2009: pp 206-219
Fonte: Instituto da Cerveja